Pourchaire é campeão da F2 2023 com 5º lugar em Abu Dhabi. Doohan vence corrida 2

Théo Pourchaire é o campeão da temporada 2023 da Fórmula 2. O francês precisou lutar muito, mas prevaleceu sobre o rival Frederik Vesti e, com um quinto lugar, soltou o grito de campeão que estava entalado na garganta desde o ano passado. Jack Doohan venceu a corrida deste domingo (26).

Precisando arriscar, Vesti apostou nos pneus médios para o stint inicial, esticando a primeira parada o máximo possível. A estratégia fez com que ele e Pourchaire, que largou em 14º e começou com os macios, se encontrassem em briga por posição na parte final, e a dupla não economizou no show, com trocas de posições intensas curva após curva na briga pelo então quinto lugar.

Vesti prevaleceu e foi com tudo para cima de Ayumu Iwasa. No giro 30 de 33, assumiu a quarta posição, ficando a um posto mais a volta mais rápida do título. Pourchaire, em sexto, teria de ser quarto para não depender de nenhum resultado.

Só que Joshua Mason parou no meio da reta e causou safety-car virtual, atrapalhando o ímpeto do dinamarquês. Foi o famoso ‘banho de água fria’ na Prema, que não piscava nos boxes. O carro foi rapidamente retirado, mas a distância de Vesti para Zane Maloney era de mais de 1s. Mesmo assim, ele agarrou-se o último fio de esperança e, na volta final, tentou a manobra sobre o piloto da Carlin. Os dois chegaram a se tocar, com Maloney levando a pior. Vesti cruzou em terceiro, mas sem o giro mais rápido, foi apenas questão de Pourchaire esperar a bandeirada para soltar o grito de campeão.

Victor Martins, rookie do ano, ficou em segundo. Iwasa completou em quarto, à frente do agora campeão da F2. Arthur Leclerc, Dennis Hauger, Isack Hadjar, Kush Maini e Jak Crawford fecharam o top-10. Enzo Fittipaldi ficou na 14ª posição.

Pourchaire fechou com 203 pontos contra 192 de Vesti. Doohan, com a vitória, ficou com o terceiro lugar. Entre as equipes, a ART ficou com o título, com 353 pontos. A Prema foi a vice-campeã, com 322, enquanto a Carlin ficou em terceiro.

A Fórmula 2 retorna durante a semana, de 29 de novembro a 1º de dezembro, para três dias de pós-temporada, em Abu Dhabi.

Confira como foi a corrida 2 da F2 em Abu Dhabi:

Desde a temporada 2018, o título da F2 não era decidido na última corrida do ano. Com 26 ainda em jogo — vitória mais o tento extra da volta mais rápida — e 16 separando Pourchaire e Vesti, a conta era simples: para não ter de depender da posição do dinamarquês, bastaria ao piloto da ART ser o quarto colocado.

Nada difícil para quem chegou para a decisão com dez pódios nas costas, só que a classificação trouxe um tempero a mais para a disputa e deixou Pourchaire em situação complicada: 14º no grid, enquanto o rival já começaria a corrida 2 da zona de pontuação, largando em nono. De quebra, Vesti ainda mandou um recado claro ao vencer a sprint após bom pega contra Fittipaldi de que lutaria até o fim.

No momento da largada, os termômetros em Abu Dhabi marcavam 29,2°C, com o asfalto em 43,5°C e a umidade relativa em 46%. Precisando chegar acima do terceiro para jogar a bomba em cima de Pourchaire, Vesti apostou nos pneus médios para o primeiro stint, enquanto Pourchaire seguiu boa parte dos ponteiros e calçou o carro com a borracha macia.

Na volta de apresentação, Mason e Franco Colapinto ficaram parados. Quando valeu, Doohan tracionou muito bem e fez ótima largada, enquanto Martins pagou pelos pneus médios e perdeu o segundo posto para Maini, que alinhara em terceiro. Atrás, Vesti subiu uma posição, enquanto Pourchaire já aparecia em 11º. Fittipaldi, por sua vez, caía três postos e fechava a volta 1 em 13º.

Oliver Bearman, então, começou a fazer o trabalho de escudeiro e deu o bote para cima de Pourchaire, que chegou ainda a perder posição também para Juan Manuel Correa, porém logo conseguiu recuperar, retornando à 11ª posição. O novato da Prema, no entanto, já colocava-se à frente do líder do campeonato.

Passadas cinco voltas, no pelotão da frente, Doohan já abria 1s8 para Maini, que tinha confortáveis 2s3 de vantagem sobre Martins. Iwasa, Maloney, Hadjar, Hauger, Vesti, Richard Verschoor e Bearman fechavam o top-10, enquanto Pourchaire colocava pressão sobre o #8 da Prema, a 0s3 de distância e estudando o melhor momento para buscar a ultrapassagem.

No giro 6, a Prema foi direta pelo rádio com Vesti: “É muito importante que você passe Hauger agora”. Com um déficit de 0s8, o dinamarquês buscou diminuir a diferença, uma vez que o pelotão que trazia Pourchaire chegava cada vez mais perto, porém o francês logo foi para os boxes para calçar os médios, na volta 7.

Théo voltou no fundo do pelotão. No giro seguinte, os demais pilotos que também partiram com os compostos de faixa vermelha também efetuaram seus pit-stops — entre eles, Bearman, que retornou imediatamente à frente de Pourchaire, porém, dessa vez não teve jeito: o #5 efetuou a ultrapassagem, ganhando a vantagem quando as posições se realinhassem.

Pourchaire ainda passou Hauger, subindo para 16º. Na volta 10, o líder Doohan — já com quase 5s de vantagem sobre Martins — fez a sua parada obrigatória, retornando em 12º. Victor assumiu a ponta, com Vesti em segundo, a 6s. A pista limpa, no entanto, fez a Prema novamente entrar no rádio e passar a instrução seguinte: “Precisamos que as próximas dez voltas sejam de classificação. Vamos!”

Além, claro, de buscar a melhor colocação possível para quando voltasse dos pits, a volta mais rápida também era a meta de Vesti. Um terceiro somado ao tento extra com Pourchaire fora da zona de pontuação decidiria o título em favor do dinamarquês. Só que era Théo o mais rápido da pista àquela altura.

Com 13 voltas completadas, Martins, Vesti, Verschoor, Leclerc, Correa, Roy Nissany, Roman Stanek, Fittipaldi e Mason eram os únicos sem paradas. Doohan era o primeiro da fila dos que já haviam efetuado a troca de pneus e escalando posições, ganhando o nono posto para cima do piloto da PHM.

Volta 18, e o motor de Bearman acabou quebrando. O novato ainda conseguiu levar o carro aos boxes, evitando o safety-car, porém não foi até a garagem da Prema. Na verdade, o máximo que Oliver pôde fazer foi deixá-lo ainda na entrada, obrigando a direção de prova a fechar a entrada do pit-lane até o carro #8 ser retirado dali.

Na pista, a situação era a seguinte: Vesti mantinha-se mais de 31s à frente de Pourchaire, porém ainda com a parada obrigatória para ser realizada. A distância era suficiente para voltar à frente de Théo, porém teria de escalar posições até o posto que ainda o manteria vivo na disputa do título.

Volta 23, e Vesti enfim realizou a sua troca para os compostos macios, mas a primeira parte da estratégia funcionou para Pourchaire, que se viu imediatamente à frente do dinamarquês. A aposta da Prema, no caso, era nos pneus macios de Frederik para os nove giros finais, enquanto, em teoria, Théo sofreria mais com os médios desgastados.

Após parada de Leclerc, enfim as posições foram restabelecidas. Doohan recuperava a liderança, com 8s de vantagem sobre Martins. Iwasa era o terceiro, após defesa linda e bela recuperação para cima de Maloney.

Foi então que veio o pega mais bonito da corrida, e envolvendo justamente os dois candidatos ao título: Vesti foi determinado a passar Pourchaire, que não facilitou. A partir daí, fomos brindados de todos os jeitos. Os dois dividiram curva, houve passa-repassa, e tudo isso ainda com um Maini no meio, sem absolutamente nada a perder, mas também lutando pelos seus pontinhos. Pourchaire chegou a ir para fora da pista ao tentar passar o indiano. No final, prevaleceu Vesti, mas não sem antes outras trocas intensas de posição com Théo, mostrando por que a disputa do título ficou entre eles.

Vesti, então, agarrou-se no fio de esperança que ainda restava e partiu em direção ao terceiro lugar. Passou Iwasa e, depois, na última volta, Maloney, numa manobra em que os dois chegaram a se tocar, com Vesti indo para fora da pista e o barbadiano rodando. Mas apenas o terceiro não bastaria. Pourchaire, então, só precisou esperar a bandeirada para soltar o grito de campeão. Quinto colocado, chorou copiosamente pelo rádio, levando novamente a França ao título da principal categoria de acesso à F1, repetindo o feito de Pierre Gasly na antiga GP2, em 2016.

Fórmula 2 2023, rodada de Abu Dhabi, Yas Marina, corrida 2, resultado final:

1	J DOOHAN	Virtuosi	33 voltas
2	V MARTINS	ART	+3.874
3	F VESTI	Prema	+22.485
4	A IWASA	DAMS	+26.283
5	T POURCHAIRE	ART	+27.668
6	A LECLERC	DAMS	+28.336
7	D HAUGER	MP	+29.079
8	I HADJAR	Hitech	+30.090
9	K MAINI	Campos	+33.113
10	J CRAWFORD	Hitech	+36.223
11	R NISSANY	PHM	+38.996
12	R STANEK	Trident	+43.688
13	J.M. CORREA	Van Amersfoort	+48.348
14	E FITTIPALDI	Carlin	+49.678
15	R BOSCHUNG	Campos	+54.829
16	A CORDEEL	Virtuosi	+1:05.468
17	Z MALONEY	Carlin	NC
18	P ARON	Trident	+1 volta
19	F COLAPINTO	MP	NC
20	O BEARMAN	Prema	NC
21	R VERSCHOOR	Van Amersfoort	NC
22	J MASON	PHM	NC

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